Enviei este texto para publicação no espaço Palavra do Leitor da Zero Hora, que foi publicado na seção Sobre ZH, no dia 24 de agosto de 2007. A foto de uma das cenas do filme El Baño del Papa - que participou do Festival de Cinema de Gramado - e o comentário de que as gravações foram realizadas na cidade uruguaia de Melo (ZH de 16 de agosto) provocaram uma observação do leitor Luís Mário Pereira de Pereira, de Aceguá, cidade localizada na fronteira Brasil-Uruguai. "Na verdade, as filmagens foram feitas em Melo (Uruguai) e Aceguá (Brasil), sendo que a foto que ilustra a matéria é de uma rua comercial do lado brasileiro". A trama principal do filme conta a história da vinda do papa João Paulo II à cidade uruguaia de Melo, em 1988, quando humildes moradores da localidade achavam que fariam muito dinheiro vendendo bebida e comida. Beto (César Trancoso), um contrabandista que carregava mercadorias de Aceguá para vender em Melo, resolveu construir um banheiro para alugar aos fiéis. O filme mostra diversas passagens de Beto em Aceguá e no trajeto de 60 quilômetros - de uma cidade a outra - carregando os materiais para construir o banheiro. "O interessante na trama foi ter contado um pouco da história dessas pessoas que se sacrificam carregando mercadorias de um país a outro, passando por muitas dificuldades na busca do sustento de suas famílias. Como diz a música Camino de Los Quileros, do compositor uruguaio Osiris Rodríguez Castillo (da trilha sonora do filme): Yerba, caña, rapadura, un rollo de naco, nomás; los pobres contrabandeamos a gatas pa remediar".
Como o artigo de opinião fala de um trecho da música Camino de Los Quileros, resolvi deixar a letra completa desta imortal obra, que sem dúvidas é o hino das fronteiras.
CAMINO DE LOS QUILEROS (MILONGA CAMPERA)
Letra de Osiris Rodríguez Castillo
Hay un camino en mi tierra
del pobre que va por pan,
camino de los quileros
por la sierra de Aceguá.
Tal vez, sin ser tan baqueano
cualquiera lo ha de encontrar,
pues tiene el pecho de piedra
peró el corazón de pan
pues tiene el pecho de piedra
peró el corazón de pan.
Gurisito pierna flaca
Barriguita de melón
Donde hay tanta vaca gorda
No hay ni charque para vos.
Tu bisabuelo hizo patria,
tu abuelo fue servidor,
tu padre carneó una oveja
y está preso por ladrón.
Toma café con fariña
y andá guapeando por ahi.
Mañana mate cocido;
pasado, Dios proveerá.
Mañana busco el camino
del pobre que va por pan
Si no me para una bala
pasando te traigo más.
Si no me para una bala
pasando te traigo más.
Yerba, caña, rapadura,
un rollo'e naco, nomás;
los pobres contrabaendamos
a gatas pa' remediar.
¡Que gaucho es el tal camino!
... Pero duro de pelar.
Camino de los quileros
por la Sierra de Aceguá.
Camino de los quileros
por la Sierra de Aceguá.